O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em entrevista à BBC News Brasil nesta quarta-feira (17), que ainda não chegou o momento de abandonar a exploração de combustíveis fósseis como o petróleo. A declaração ocorre em meio ao avanço do projeto da Petrobras para perfuração de um poço exploratório na Margem Equatorial, região em águas profundas do Amapá.
“Eu quero saber qual é o país do planeta que está preparado para ter uma transição energética capaz de abdicar do combustível fóssil”, questionou Lula, destacando que o Brasil apoia a transição, mas sem abrir mão de projetos estratégicos.
Margem Equatorial no centro do debate
A Petrobras obteve do Ibama a aprovação de seu plano de prevenção e pretende realizar a perfuração a cerca de 500 km da foz do rio Amazonas e a mais de 160 km da costa amapaense. Segundo a estatal, confirmar a existência de petróleo na região pode abrir uma nova fronteira energética para o país, ajudando a financiar uma transição energética “justa, segura e sustentável”.
Ambientalistas, no entanto, criticam a iniciativa e alertam para os riscos ambientais em uma área sensível e próxima da Amazônia. O temor é de que um eventual vazamento comprometa ecossistemas frágeis e intensifique a crise climática global.
Divergências no governo
A exploração na foz do Amazonas tem provocado atritos dentro da própria gestão federal. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, já manifestou oposição ao projeto, afirmando que os riscos ambientais são altos. Mesmo assim, garantiu que a decisão final será técnica, não política.
Lula, por outro lado, defendeu a experiência da Petrobras. “Se nós tivermos um problema, nós seremos responsáveis para cuidar desse problema. A Petrobras tem a melhor tecnologia de prospecção em águas profundas e nunca teve um incidente”.
Pressão internacional e a COP30
A posição de Lula levanta questionamentos sobre a imagem do Brasil como liderança climática, especialmente às vésperas da COP30, marcada para novembro de 2025 em Belém (PA). Indagado se sua defesa da prospecção não compromete sua atuação internacional, o presidente afirmou que o Brasil já possui quase 90% da matriz elétrica limpa e está ampliando investimentos em energia solar, eólica e biomassa.
“Nós estamos fazendo a maior revolução na transição energética que algum país está fazendo”, declarou.
Lula também defendeu a realização da COP30 em Belém, apesar das críticas internacionais sobre os altos preços de hospedagem.
“A COP foi escolhida para ser feita na Amazônia porque eu quero que o mundo, ao invés de falar sobre a Amazônia, conheça a Amazônia. É muito fácil fazer uma COP em Paris, em Dubai.”
Comentários: