O palco da palavra se transforma em música. O microfone vira livro aberto. E a voz de Arnaldo Antunes - poeta antes de ser cantor - fecha a 3ª Folia Literária Internacional do Amapá como quem devolve a literatura ao corpo e à canção.
Arnaldo Antunes nunca separou música e poesia. Para ele, a letra é partitura da vida, e o som é o meio de espalhar versos. Seu show no Palco Remanso, às 20h, encerra um ciclo de dias intensos em Macapá, em que a literatura caminhou pelas ruas, pelas vozes e até pelos gestos de quem fez do evento uma travessia coletiva.
Mais do que um show, a apresentação do artista marca o encontro da palavra com o ritmo, uma lembrança de que a literatura não está apenas nos livros, mas na fala cotidiana, nas canções que embalam memórias e nos gritos de resistência cultural.
Antes do encerramento, a tarde deste domingo oferece oficinas, clubes de leitura e rodas de conversa que transformam Macapá em uma grande aldeia de saberes. Das oficinas de roteiro para quadrinhos com Gian Danton às discussões sobre democracia com o senador Randolfe Rodrigues, o festival mostra que cultura também é exercício de cidadania.
No jardim, livros ganham corpo em lançamentos e autógrafos, enquanto no Barracão das Multivozes vozes de Angola, Sri Lanka e Amapá se encontram para provar que poesia não tem fronteiras.
O Amapá é território de encontros improváveis: rio e cidade, ancestralidade e futuro, oralidade e letra impressa. É nesse espaço de contrastes que a Folia Literária encontra sentido. O cortejo cultural e a roda de Marabaixo anunciam que a festa não termina quando o palco se apaga, ela ecoa no batuque, no canto e na memória coletiva.
Com Arnaldo Antunes, o festival ganha o tom de despedida: não melancólica, mas de reafirmação. Afinal, a literatura - quando cantada - continua a circular, a resistir, a emocionar.
O evento, promovido pelo Governo do Estado em parceria com a Oca Produções, presta homenagem à professora Ângela de Carvalho e ao escritor Paulo Tarso Barros. Dois nomes que representam a semente e a raiz de um Amapá que escreve para não ser esquecido.
📚 Programação deste sábado na Folia Literária
15h às 18h – Clube de Leitura Pena & Pergaminho
- Convidada: Gennifer Moreira (AP)
- Local: Aldeia dos Saberes – Sala 1
15h às 18h – Oficina: Roteiro para Quadrinhos
- Convidado: Gian Danton (AP)
- Local: Aldeia dos Saberes – Sala 2
15h às 18h – Circo no Meio do Mundo (intervenções poéticas itinerantes)
- 15h – Ivan Rubens
- 16h – Poeta Inflamada
- 17h – Sereia Caranguejo
- 15h – Grupo de Animação Cultural: Palhaça Bibica
- 16h – Contação de Histórias: Luelder Renan
- 17h – Contação de Histórias: Tio Nescal
15h às 18h – Jardim Secreto (atividades literárias ao ar livre)
- Gengibirra Literária – Isnard Lima
- Lançamentos de obras literárias e sessões de autógrafos:
- 15h – Jackson Correa
- 16h – Sânzia Brito
- 17h – Márcio da Paixão Barros
15h às 16h30 – Roda de Conversa: Dois poetas, dois continentes
- Acolhimento: Jojo Dieira (AP)
- Convidados: João Melo (Angola)e Indran Amirthanayagam (Sri Lanka/EUA)
- Mediador: Salgado Maranhão (MA)
- Local: Auditório 1 – Barracão das Multivozes
16h às 17h30 – Roda de Conversa: Ecos de poesia – Juventude, periferias, oralidades e diversidade
- Acolhimento: Graça Senna (AP)
- Convidados: Poka (AP), Natanael d’Obaluaê (AP), Pat Andrade (AP), André Dias (SP)
- Mediação: Jakeliny Lobato (AP)
- Local: Auditório 1 – Barracão das Palavras
17h às 18h – Mesa temática: “Democracia ontem, hoje e sempre”
- Realização: Livraria do Senado
- Convidado: Senador Randolfe Rodrigues
18h – Cortejo Cultural Trecos Inmundos
18h30 – Roda de Marabaixo “São Sebastião do Igarapé do Lago”
20h – Palco Remanso
- Movimento Costa Norte
- Arnaldo Antunes(show de encerramento)
Comentários: