A capital amapaense vive um preocupante retrocesso em sua política de resíduos sólidos. Após anos de melhorias que transformaram um antigo lixão em um aterro controlado, a cidade de Macapá enfrenta, nas últimas semanas, uma situação deficitária na coleta de lixo, com ruas e avenidas tomadas por resíduos domiciliares e o retorno do que se assemelha a um "lixão a céu aberto". O cenário atual, com pilhas de lixo exposto e a proliferação de vetores, coloca em xeque a gestão ambiental e a saúde pública.
Do lixão ao aterro controlado
Por muito tempo, entre os anos 90 e 2013, o lixo urbano de Macapá era depositado em um "lixão" a céu aberto, caracterizado pela ausência de gestão ambiental, contaminação de tributários, queimas sem controle, falta de fiscalização e odores insuportáveis. Essa realidade gerava um quadro evidente de poluição do solo, da água e do ar, além da proliferação de moscas e urubus.
A partir de 2013, no primeiro ano da gestão do então prefeito Clécio Luís, iniciou-se um processo de adequação das condições de destinação final dos lixos urbanos e entulhos. Em 2014, foram realizadas melhorias na limpeza urbana e no sistema de coleta e transporte, culminando na concessão da Licença de Operação para um aterro controlado, que operou como aterro sanitário entre 2013 e 2020, seguindo normas técnicas.
O cenário atual: regressão e impactos negativos
No entanto, nos anos de 2021 até o momento atual, a gestão municipal de Macapá, sob a liderança do prefeito Dr. Furlan, permitiu uma regressão nos serviços de manutenção urbana e saneamento básico. A regularização dos serviços de transporte e coleta de lixos urbanos domiciliares foi comprometida, e o gerenciamento e tratamento do destino final do lixo urbano da cidade transformaram o que era um "Aterro Sanitário" de volta a um "Lixão a céu aberto".
Essa situação contraria a Lei 12.305/2014, referente à Política Nacional de Resíduos Sólidos , e tem como consequência direta o retorno de vetores como moscas, urubus e ratos para os bairros das zonas Norte, Centro e Sul da capital. O acúmulo de lixo domiciliar em ruas e avenidas é visível, com a coleta sendo realizada de forma inadequada, muitas vezes por caçambas e tratores, ao invés de caminhões coletores apropriados.
O problema se agrava com a situação das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), onde, apesar da recente retirada de lixo hospitalar após denúncias, o acúmulo anterior e a deficiência geral na coleta contribuem para um cenário de risco à saúde pública. A falta de regularidade na coleta domiciliar por semanas em diversos bairros de Macapá tem transformado a cidade em um ambiente insalubre, exigindo uma solução urgente e efetiva por parte das autoridades.
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