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Quinta-feira, 30 de Outubro de 2025

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A juventude que morre cedo demais nas guerras de facções no Amapá

Entre 17 e 30 anos, jovens do Amapá vivem entre o crime e a morte precoce. Uma geração cuja vida mal começou e já chegou ao fim, seja pelo destino do caixão ou pelo do cadeado.

A juventude que morre cedo demais nas guerras de facções no Amapá
O destino de quem segue o caminho da criminalidade é sempre o mesmo. Cadeia ou cemitário
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No Amapá, a juventude anda armada e com o tempo contado. A morte que chega antes da vida começar. Nos últimos meses, a violência ligada às facções criminosas tem deixado um rastro de corpos jovens nas ruas, nos becos e nas pontes de Macapá e Santana.

É uma guerra em que ninguém envelhece, e a única certeza é que o crime não tem aposentadoria: só cova rasa.

A vida curta de quem entra para o crime

Quase todos têm o mesmo perfil: homens entre 17 e 30 anos, moradores da periferia, com passagens por pequenos delitos e sem escolaridade completa. A maioria não terminou o ensino fundamental ou o médio.

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O destino de quem entra para a facção é a cadeira ou o caixão

São jovens que trocaram o caderno pela pistola, e a sala de aula pelo comando. A escola ficou pelo caminho e o caminho virou beco. A vida de quem entra nesse mundo é curta. Quem não morre em confronto, vai para o presídio e raramente volta de lá diferente.

Por que eles preferem morrer a se entregar?

Policiais que atuam em operações recentes relatam um padrão que se repete: os criminosos se recusam a se render. Para muitos, morrer em tiroteio é o último gesto de “lealdade” à facção.

Jovens preferem partir para o confronto policial do que se entregar

Na lógica perversa das ruas, se entregar é trair. E assim, o medo de morrer se mistura ao medo de viver sem respeito, num ciclo em que a morte se torna o único ato de coragem possível.

O reforço no combate as facções

Ainda que o Estado esteja mais presente, com operações firmes e estratégicas da Segurança Pública, o ciclo de mortes precoces segue se repetindo, como um eco que vem de todo o Brasil.

Polícia do Amapá segue firme no combate ao crime organizado

A polícia tem agido com precisão, desmontando células e enfrentando confrontos que terminam antes do amanhecer. É um trabalho que tem exigido coragem, técnica e inteligência e que, mesmo com resultados expressivos, ainda encontra a mesma ferida aberta: a juventude que se perde antes de chegar à vida adulta.

Epílogo: os meninos que não envelhecem

Eles morrem com o corpo ainda leve, com os olhos que mal aprenderam a ler.

Marcos Luan, 19 anos, preso por matar um policial penal no Amapá

Morrem  ou vão presos sem saber que a vida podia ser outra coisa, mas ninguém ensinou a tempo. A facção lhes deu farda, salário e uma ilusão de pertencimento.

O ritual de comprometimento com o crime é impiedoso

Não basta ingressar, é preciso provar lealdade. Em abril deste ano, um adolescente de 17 anos foi apreendido após confessar que matou um motorista de aplicativo de 47 anos apenas para mostrar fidelidade à nova facção que passou a integrar.

Ele contou que mudou de organização criminosa e, para ser aceito, tinha que cometer um homicídio de membro rival. Essa revelação choca, mas retrata a lógica interna: a vida (do outro e a própria) vira moeda de troca para subir um degrau na hierarquia do crime.

Não importa quem são: os pais choram

Enquanto isso, pais e mães choram a perda precoce de seus filhos, e comunidades inteiras convivem com o medo. Nos becos estreitos, nas pontes sobre igarapés e nos conjuntos habitacionais, a presença das facções é sentida no dia a dia, seja pelo silêncio das noites interrompido por tiros, seja pela ausência de jovens que deveriam estar na escola ou no trabalho, mas terminam no cemitério.

No Amapá, a vida é curta para quem entra no mundo do crime

A vida bandida é curta. Se não tombam em confrontos ou execuções, muitos acabam presos antes dos 30, fechando o mesmo ciclo de violência que iniciaram na adolescência. Como num ritual macabro e repetitivo, novas gerações ocupam o lugar das anteriores, e a estatística segue seu curso.

O fim é o cemitério

No Amapá de 2025, as manchetes policiais contam variações da mesma história triste: jovens, quase sempre homens entre 17 e 30 anos, empunhando armas contra inimigos ou contra a polícia, e terminando estirados no chão.

A cada foto de perícia isolando a cena do crime, a sociedade é lembrada de que está perdendo uma geração para a guerra das facções.

E essa geração perdida tem rosto sem barba, nome curto e uma vida que mal começou e já chegou ao fim, seja pelo destino do caixão ou pelo do cadeado.

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De Bubuia

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