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Terça-feira, 14 de Outubro de 2025

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De rampa da paixão a terminal hidroviário

É o fim da era do “carro no rio” e o começo de outra: a da dignidade hidroviária. Mas convenhamos: entre um barco e outro, ainda vai ter gente parando ali só pra lembrar o rolava antes da obra.

De rampa da paixão a terminal hidroviário
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Antes corte de fita, ali no fim da rampa do Santa Inês, onde agora reina o novíssimo Terminal Hidroviário Hercílio Mescouto, era território de outros desembarques: os do desejo e da distração.

Por décadas, foi ponto fixo de namorados e suas paixões apressadas. Não era raro ouvir que “mais um carro caiu na água”, como se fosse parte da maré. A receita era sempre parecida: casal apaixonado, noite quente, motor ligado, freio esquecido e pluft, o carro mergulhava, e lá ia o Corpo de Bombeiros resgatar mais uma paixão molhada.

O local ganhou fama de “fábrica de CPF”, uma metáfora urbana para a fertilidade emocional que por ali circulava. Dizem, de forma exagerada, que há um bairro inteiro de gente que começou no banco de um carro naquela rampa.

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Pois bem. Aquele cenário de beira improvisada e história molhada deu lugar à modernidade. Foi inaugurado o Terminal Hidroviário de Macapá, um espaço digno das águas que nos cercam. Com estrutura coberta, acessibilidade e conforto, finalmente os passageiros que seguem rumo a Afuá, Chaves e outras ilhas do Pará e Amapá não vão mais precisar esperar embarque debaixo de sol ou chuva.

A homenagem ao engenheiro Hercílio Mescouto, pioneiro da engenharia amapaense, é o tempero emocional que faltava. Não é só um nome na fachada: é memória ancorada. Hercílio ajudou a construir muito do que a cidade hoje chama de chão firme, e batizar o terminal com seu nome é como amarrar uma canoa à história com corda de gratidão.

Agora, ao invés de carros submersos e romances distraídos, teremos embarques organizados, famílias protegidas do sol de rachar e do alagamento súbito. O que era o fim da linha, virou ponto de partida.

É o fim da era do “carro no rio” e o começo de outra: a da dignidade hidroviária. Mas convenhamos: entre um barco e outro, ainda vai ter gente parando ali só pra lembrar o rolava antes da obra.

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Paulo Ronaldo Almeida

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Paulo Ronaldo Almeida

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