Macapá vive um fenômeno curioso: a síndrome de Estocolmo em sua versão político-cultural. Não, não é roteiro de série da Netflix. É a realidade em que parte da população defende com unhas, dentes e posts nas redes sociais o prefeito Antônio Furlan, mesmo quando a vida real desmente cada foto bonita que aparece no feed.
A lógica é simples: falta remédio na UBS? Não tem problema, temos praça com grama verdinha para admirar. Escola sem estrutura? Tudo bem, tem selfie na rampa náutica feita para pobre admirar. Rua esburacada e sem drenagem que alaga na primeira chuva? Ah, mas e o show de rock grátis no fim de semana, você viu?
É quase poético: a mesma pessoa que sai da UBS de mãos abanando porque não encontrou o antibiótico para o filho, à noite, publica “Furlan, melhor prefeito do Brasil” com três coraçõezinhos. A mesma que vê a casa virar piscininha inflável na enchente, ri e comenta “rouba, mas faz”.
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Essa devoção, movida por festas e marketing, é como dar ao prefeito uma licença especial, não para matar, como o 007, mas para gastar, administrar e, ao que tudo indica, até errar sem que ninguém cobre de verdade. Porque, afinal, a maquiagem urbana e os “rock doidos” funcionam como anestesia coletiva.
No fim, a cortina de fumaça é tão espessa que muitos já se esqueceram de olhar o cenário completo. E enquanto o povo dança, a cidade, na vida real, continua tropeçando em buracos, esperando remédio e torcendo para que a próxima chuva não traga a água até o joelho. Mas, claro… “o prefeito é o melhor do Brasil”.
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