Parece que a voz da primeira-dama e presidente estadual do Podemos, Rayssa Furlan, só ganha força quando o DJ grita “Endoida!” e a plateia responde em coro....
Fora do palco, porém, o microfone está desligado, principalmente quando o assunto envolve mulheres feridas, violentadas ou silenciadas.
Nos últimos dois anos, três episódios expuseram a ausência de Rayssa: não apenas como figura pública, mas como mulher e líder política. Em todos, o silêncio foi a resposta.
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O caso Filé e a mulher ameaçada
O mais recente envolve o ex-secretário de governo Pedro Filé, acusado pela ex-companheira de chantagem, furto e violência psicológica.
A mulher relatou à Delegacia da Mulher ter sido vítima de ameaças, invasões de privacidade e controle emocional. Disse que Filé chegou a roubar seu celular e alterar senhas.
Ele, em nota, declarou ter “consciência tranquila” e afirmou que pediu exoneração para se defender sem prejudicar a gestão. Mas, enquanto o caso repercutia, Rayssa permaneceu calada. Não agiu nem como mulher, nem como líder partidária.
Quando uma mulher pediu socorro e ninguém respondeu
O silêncio também marcou o caso da ex-secretária Marciane Santo, agredida em outubro de 2024. Um vídeo mostrava a vítima pedindo socorro, mas nenhuma nota partiu da Prefeitura ou da “tropa digital” de apoiadores do prefeito.
Rayssa, que costuma se apresentar como defensora de causas sociais, optou pela omissão, mesmo diante da dor pública de uma mulher de seu próprio grupo.
Violência política de gênero dentro do Podemos
Em Santana, no mesmo ano, candidatas do Podemos denunciaram ter sido excluídas da divisão do Fundo Eleitoral, contrariando a Lei 14.192/2021. O então presidente municipal, Zé Roberto, teria conduzido a campanha de forma autoritária e discriminatória.
Enquanto o caso gerava indignação e até ação judicial, Rayssa Furlan, dirigente estadual do partido, novamente silenciou.
Quando o poder escolhe o silêncio
O silêncio de quem tem poder é uma forma de escolha.
Quando uma mulher pública cala diante da dor de outras, o gesto soa como cumplicidade passiva. Rayssa não é apenas esposa de prefeito: é médica, presidente de partido e liderança feminina.
E é justamente por isso que seu silêncio pesa: ele reforça a ideia de que o poder, mesmo em mãos femininas, pode reproduzir a mesma lógica machista que diz combater.
Enquanto Rayssa não fala
O Amapá já viu mulheres corajosas enfrentarem microfones e tribunais para denunciar abusos. Mas quando o silêncio vem de quem poderia liderar essas vozes, a ferida deixa de ser individual e vira coletiva.
Cada omissão pública carrega um recado privado: “melhor calar”.
E enquanto Rayssa Furlan não fala, o eco do seu silêncio ainda soa mais alto que qualquer “endoida” de palanque.
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