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Terça-feira, 24 de Junho de 2025

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Mangueira leva o Amapá para a Sapucaí: Mestre Sacaca é enredo no Carnaval 2026

Inédito na história da escola, enredo para 2026 celebra guardião da Amazônia Negra e inicia triênio do centenário da Verde e Rosa. Governador Clécio Luís exalta: “Os olhos do mundo estão voltados para o Amapá”.

Mangueira leva o Amapá para a Sapucaí: Mestre Sacaca é enredo no Carnaval 2026
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A Estação Primeira de Mangueira acaba de anunciar seu enredo para o Carnaval de 2026, um marco histórico que ecoa profundamente no coração do Amapá. Com o título “Mestre Sacaca do Encanto Tucuju - O Guardião da Amazônia Negra”, a tradicional escola de samba carioca levará para a Marquês de Sapucaí a fascinante trajetória de Raimundo dos Santos Souza, o Mestre Sacaca, figura emblemática do extremo Norte do Brasil, cujos saberes ancestrais sobre a floresta e a cultura afro-indígena moldaram a identidade amapaense.

Pela primeira vez em seus 97 anos de história, a Mangueira dedicará seu desfile aos costumes afro-indígenas, uma decisão inédita que ressalta a importância da diversidade cultural brasileira e lança luz sobre a riqueza muitas vezes negligenciada da Amazônia Negra do Amapá. A narrativa, assinada pelo carnavalesco Sidnei França, celebrará a vida e o legado de Mestre Sacaca, um homem de origem negra e indígena que se tornou um farol de conhecimento sobre as ervas, seivas e raízes da região.

O governador do Amapá, Clécio Luís, celebrou a escolha do enredo, destacando a projeção que a homenagem trará para o estado: “Os olhos do mundo estão voltados para o Amapá neste momento. A Mangueira, uma das maiores escolas de samba do Brasil, escolher Mestre Sacaca como tema para o seu carnaval é um reconhecimento da nossa rica história, da nossa cultura afro-indígena e da importância da Amazônia para o Brasil e para o mundo.” Apelidado de Sacaca, uma titulação xamânica que reverenciava sua conexão espiritual com a natureza, Raimundo navegou pelos rios do Amapá, absorvendo a sabedoria das populações tradicionais. Seu profundo entendimento da flora amazônica o consagrou como o “doutor da floresta”, utilizando seus conhecimentos para curar e cuidar da comunidade através de garrafadas, chás, unguentos e simpatias. Sua influência transcendia os atendimentos individuais, alcançando a publicação de livros e programas de rádio que disseminavam seus saberes ancestrais.

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Mestre Sacaca não se limitou à medicina tradicional; ele também foi um fervoroso praticante e defensor do marabaixo, a marcante manifestação cultural afro-amapaense, e um entusiasta do carnaval local. Por mais de duas décadas, reinou como Rei Momo, além de fundar blocos e escolas de samba, impulsionando os ritmos e tambores da Amazônia Negra.

Nascido em 1926, a memória viva de Mestre Sacaca, carinhosamente chamado de Xamã Babalaô, permanece forte no imaginário do povo amapaense, com sua família perpetuando seus ensinamentos. Sacaca faleceu em 1999, aos 73 anos, e sua importância para a cultura local é tamanha que hoje seu nome batiza o Museu Sacaca, localizado no centro de Macapá. A escolha da Mangueira para homenageá-lo em seu enredo de 2026 não apenas celebra sua vida dedicada à defesa da floresta e das tradições afro-indígenas, mas também projeta a cultura e a história do Amapá para o cenário nacional, em um momento que marca o início do triênio do centenário da Verde e Rosa.

“Estamos falando de algo inédito na historiografia da Mangueira: tratar de costumes afro-indígenas. Mesmo no Brasil, muitas vezes ainda predomina uma visão monolítica sobre a Amazônia, com muitas narrativas e personagens ainda inexplorados ou sem ter a devida atenção”, enfatiza Sidnei França, carnavalesco da Mangueira. “Com sua vocação de contar ‘outras histórias’, a Mangueira vai apresentar Mestre Sacaca, um legítimo representante dessa floresta afro-indígena”, conclui.

A homenagem da Mangueira a Mestre Sacaca representa um marco significativo para o Amapá, elevando sua rica história e cultura a um patamar de reconhecimento nacional e celebrando um guardião da Amazônia Negra cuja vida e legado continuam a inspirar e enriquecer a identidade brasileira.

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De Bubuia

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