Na delicada coreografia da vida que mal começou, cada grama de leite materno é um sopro vital, um escudo contra a fragilidade dos recém-nascidos. No Amapá, em antecipação ao "Agosto Dourado", a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) lança um apelo que vai além das palavras: um pedido por pequenos frascos de vidro, desses que guardam café solúvel, mas que, nas mãos certas, se tornam o berço de um milagre.
Não é um pedido qualquer. Esses recipientes, de 50 gramas ou 200 mililitros, são a garantia de que o alimento mais precioso — o leite doado por mães voluntárias — será coletado, armazenado e transportado em segurança. Com 126 doadoras ativas e uma meta ambiciosa de mil frascos até agosto, a realidade é que o Banco de Leite Humano de Macapá opera com apenas cerca de 400 em circulação. Um número pequeno diante da demanda contínua.
Fadianne Soares, coordenadora do Banco de Leite Humano, traduz a urgência: “Os frascos fazem parte de todo o fluxo de coleta. Sem eles, não conseguimos garantir a continuidade do serviço, pois a falta desses recipientes pode comprometer o funcionamento do banco e aumentar o desperdício do leite doado”. É um elo frágil, mas fundamental, na corrente da vida. A preferência por frascos pequenos não é capricho, mas estratégia para otimizar o congelamento doméstico e minimizar perdas.
Essa campanha permanente, com seus cinco pontos fixos de arrecadação espalhados por Macapá e Santana - do Hospital Maternidade Mãe Luzia ao Hospital Estadual de Santana -, é um convite à compaixão. É o reconhecimento de que o leite não é apenas nutrição, mas afeto, calor, um pedaço da mãe que, por um motivo ou outro, não pode amamentar o próprio filho. E os frascos, esses guardiões de vida, são o canal para que essa doação chegue aos bebês internados nas UTIs neonatais, tanto em hospitais públicos quanto privados.
Ana Carla Ferreira, coordenadora de Enfermagem da unidade, resume a essência dessa mobilização: “A doação dos frascos é um gesto simples que pode salvar vidas. Eles são essenciais para garantir a qualidade do leite doado, desde a coleta até a oferta segura ao bebê prematuro. Qualquer pessoa pode contribuir com essa campanha, que é permanente e solidária”.
E o exemplo já brota: uma escola da rede pública municipal, tocada pela causa, já enviou duas remessas, totalizando 106 potes. Um farol para outras instituições e indivíduos. Porque, no fim das contas, não se trata de um simples pote de vidro, mas de um receptáculo de esperança, um veículo para um futuro mais forte, entregue de coração a coração.
Pontos de Arrecadação:
- Hospital Maternidade Mãe Luzia: Av. Fab, nº 81, bairro Central, Macapá.
- Banco de Leite Humano: Av. Fab, nº 895, bairro Santa Rita, Macapá.
- Maternidade Bem-Nascer: Av. Prof. Glauco, bairro São Lázaro, Macapá.
- São Camilo: Rua Dr. Marcelo Cândia, nº 742, bairro Santa Rita, Macapá.
- Hospital Estadual de Santana: Rua Pedro Salvador Diniz, nº 187, bairro Remédios, Santana.
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