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Terça-feira, 14 de Outubro de 2025

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Poeta ocupa prefeitura de Macapá em protesto contra calote em artistas locais

Enquanto estrelas nacionais recebem antes de cantar, poetas e músicos locais esperam meses por cachês que mal pagam a sobrevivência.

Poeta ocupa prefeitura de Macapá em protesto contra calote em artistas locais
Artistas locais esperam meses para receber, enquanto estrelas nacionais garantem o cachê antes de subir ao palco
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A cena é dura: a poeta Carla Nobre, voz pulsante da cultura amapaense, decidiu ocupar a sede da Prefeitura de Macapá. Não entrou como visitante, mas como sobrevivente de um sistema que a empurra para a humilhação. Seu ato é simples e radical: só sai de lá quando receber o cachê prometido por sua performance no Macapá Verão, em julho.

O valor que cobra não passa de um grão de areia diante do que já foi pago a artistas de fora. Enquanto Carla e dezenas de colegas locais esperam há meses, por valores que variam entre R$ 1.500 e R$ 4 mil, o cantor Wesley Safadão garantiu, uma semana antes de subir ao palco em Macapá, o depósito integral de R$ 1 milhão. Dinheiro na conta antes mesmo de cantar a primeira nota.

A arte como esmola

No palco do Macapá Verão, os artistas locais foram a alma do evento: músicos, poetas, bailarinos, atores que mantêm a cultura viva dia após dia. Mas fora dele, se tornam invisíveis. Pedem, imploram, negociam. Em vez de reconhecimento, recebem a espera. Em vez de valorização, a ameaça silenciosa: reclamar demais pode custar a exclusão da próxima programação.

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Muitos se calam, engolem a indignação. O medo da retaliação funciona como grilhão. O cachê, que já é modesto, vira promessa distante.

O grito de Carla

Carla não se calou. Sua ocupação é mais que um protesto pessoal. É o grito coletivo de uma classe que sustenta a identidade cultural do Amapá e que, mesmo assim, precisa se humilhar para ser ouvida.

“Não saio daqui enquanto não pagarem o que é meu direito”, afirmou a poeta, transformando em ato político aquilo que deveria ser apenas rotina: receber por seu trabalho.

A ferida exposta

A discrepância é escandalosa. Para os grandes nomes nacionais, contratos blindados, depósitos antecipados e camarins fartos. Para os artistas da terra, meses de espera por valores que mal cobrem despesas básicas.

O que deveria ser orgulho - a valorização da cultura local - se transforma em vexame público. A Prefeitura de Macapá, organizadora do evento, ainda não se pronunciou sobre o atraso.

Cultura como sobrevivência

No Amapá, fazer arte não é apenas criar, é resistir. É enfrentar a burocracia, a indiferença e a desigualdade gritante que coloca artistas amapaenses na fila da humilhação. Carla Nobre escancarou essa ferida. Sozinha, mas em nome de muitos.

Enquanto a prefeitura se cala, a poesia ocupa espaço. E denuncia: a cultura do Amapá não pede favor. Exige respeito.

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De Bubuia

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