No Ranking de Competitividade dos Estados 2025, divulgado nesta segunda-feira (29) pelo Centro de Liderança Pública (CLP), o Amapá ocupa o 1º lugar entre os que menos registram feminicídios: a taxa é de apenas 0,3 vítimas a cada 100 mil mulheres.
Num país onde a violência contra a mulher ainda se alastra como ferida aberta, o Amapá desponta como exceção. A estatística não é apenas um número frio: é o reflexo de políticas públicas que conseguiram, mesmo diante de tantas dificuldades, transformar índices em vidas preservadas.
Segundo o CLP, o indicador de feminicídio passou a integrar o pilar de Segurança Pública no ranking nacional. A inclusão desse dado mostra que não basta medir apenas a estrutura policial, mas também como o Estado responde à violência que mais escancara a desigualdade de gênero.
Nos últimos anos, o governo estadual intensificou investimentos em segurança pública, desde a modernização da Polícia Civil e Militar até a criação de delegacias especializadas e o fortalecimento das redes de proteção às mulheres. Cada viatura que chega, cada servidor treinado, cada estrutura criada é uma tentativa de romper o ciclo de violência.
A Secretaria de Justiça e Segurança Pública destaca que esses avanços não vêm do acaso, mas de uma política planejada e sustentada em investimentos consistentes. A violência, que tantas vezes percorre as casas e ruas do Brasil como sombra, encontra no Amapá uma resistência mais firme.
O feminicídio foi tipificado pela Lei nº 13.104, de 2015, como qualificadora do homicídio quando motivado por razões da condição de sexo feminino. Em 2024, a Lei nº 14.994 transformou o feminicídio em crime autônomo, reforçando sua gravidade no ordenamento jurídico.
Ainda assim, relatórios como o do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) lembram que a luta não termina nas leis: é preciso garantir comparabilidade histórica e vigilância constante sobre os números.
Estar em primeiro lugar no ranking não significa que o problema deixou de existir. Cada mulher assassinada no Amapá continua sendo um grito interrompido, uma vida arrancada pelo machismo estrutural. O dado, ainda que positivo, é também um convite à reflexão: como manter e aprofundar políticas que garantam que menos famílias sejam destruídas pela violência?
No coração da Amazônia, o Amapá mostra que a segurança pública pode ser mais que aparato policial: pode ser sinônimo de cuidado, de investimento em vidas, de proteção à dignidade da mulher.
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