Nem toda farda é feita de rigidez. Às vezes, ela veste gentileza. Nesta quarta-feira (15), em Santana, policiais civis trocaram algemas por abraços, e transformaram o Dia das Crianças em um gesto de afeto e cidadania para quem mais precisa: as crianças esquecidas nas margens do rio e da cidade.
A Delegacia da Infância e Juventude de Santana (DIJS) realizou uma ação social que foi muito além da presença policial. Mais de 300 crianças da Escola Municipal Nossa Senhora dos Navegantes receberam brinquedos, lanches e bombons. Entre risadas e aplausos, o pátio virou uma mistura de recreio e esperança.

Animadores tomaram conta do espaço, e por algumas horas, o medo — aquele que tantas vezes ronda as esquinas da periferia — deu lugar à inocência restaurada.
Depois da escola, a equipe seguiu para o Beco da Berinjela, uma das áreas mais sensíveis da zona portuária de Santana. Lá, cerca de 50 crianças receberam o mesmo carinho e atenção.
Era pouco no tamanho, mas imenso no simbolismo: a presença do Estado onde quase sempre falta o Estado.
Naquele beco apertado, entre casas de madeira e olhares curiosos, cada brinquedo entregue parecia um convite para acreditar, que talvez, nem tudo esteja perdido.
“O trabalho da DIJS não se limita à repressão, mas à proteção integral e à promoção da cidadania”, afirmou o delegado Antério Almeida, titular da unidade.
A fala resume a essência da ação: a polícia que também abraça, educa e protege, e que entende que combater o crime não é só prender, é evitar que a infância se perca antes de crescer.

No final, entre pipocas, sorrisos e olhos brilhando, ficou uma lição: segurança pública também se constrói com empatia. Santana, que tantas vezes aparece nas manchetes por tragédias e violência, nesta quarta-feira (15) teve outro tipo de notícia: a do bem que chega sem sirene.
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