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Terça-feira, 14 de Outubro de 2025

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Mãe absolvida no Amapá após quase 10 anos de acusação injusta

Empregada doméstica do Amapá é inocentada após quase 10 anos de acusação sem provas.

Mãe absolvida no Amapá após quase 10 anos de acusação injusta
Defensora pública Laura Lélis durante julgamento no Tribunal do Júri em Porto Grande, Amapá Foto: Defenap
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Há histórias que pesam mais que a própria lei. Maria*, empregada doméstica, carregou por nove anos o fardo de uma acusação sem provas: a de ter induzido o próprio filho a matar. Na madrugada de 29 de setembro, o júri finalmente devolveu a ela o que o tempo havia roubado: o direito de respirar sem culpa.

A história

Em maio de 2016, uma discussão de vizinhos virou tragédia. Maria foi agredida, voltou para casa em lágrimas, e o filho de 16 anos, tomado pela raiva e pela dor de ver a mãe ferida, pegou uma espingarda. Mirava Romário*, o agressor, mas o tiro errou de destino e matou a esposa dele.

João*, adolescente à época, foi responsabilizado e cumpriu três anos de internação socioeducativa. Mas a mãe, que não segurou arma alguma, passou a ser arrastada por um processo que insistia em culpá-la por induzir o filho.

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O inquérito caminhou a passos arrastados. Primeiro, testemunhas não citavam o nome dela. Depois, contraditoriamente, passaram a envolvê-la. Em 2019, três anos após o episódio, o Ministério Público apresentou denúncia formal.

A partir dali, a vida de Maria entrou em suspensão. Teve de deixar sua casa, mandar dois filhos para Belém e viver apenas com o mais novo, autista e totalmente dependente dela. A rotina passou a ser moldada pela sombra do processo que parecia não ter fim.

Como a Defensoria Pública desmontou a acusação?

A defensora pública Laura Lélis sustentou diante dos jurados o princípio da intranscendência da pena: ninguém pode pagar por crime cometido por outra pessoa. Não havia testemunha, não havia prova, apenas a necessidade da família da vítima de encontrar mais alguém para carregar a dor da perda.

Foram quase 18 horas de julgamento e a sentença absolveu Maria. O júri reconheceu que a tentativa de envolvê-la era injusta, fruto de uma ânsia social por reparação que recaiu sobre a pessoa errada.

“Essa mãe teve a vida toda modificada. Teve que deixar a casa, a rotina, o contato com os filhos. A absolvição representa justiça não só para ela, mas para todos nós”, disse a defensora.

Maria volta a viver, ainda que marcada por quase uma década de silêncio, afastamento e medo. Sua história revela que a justiça não é apenas decisão jurídica: é também a devolução da dignidade a quem foi injustamente crucificado.

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De Bubuia

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