A 14ª Reunião da Comissão Mista Transfronteiriça (CMT) Brasil–França, que aconteceu nos dias 11 e 12, em Caiena, capital da Guiana Francesa, marcou um período de otimismo e concretização de avanços na relação entre os dois países. Liderando uma delegação amapaense de 50 integrantes, o governador Clécio Luís co-presidiu o evento ao lado do diretor do Departamento de Europa do Itamaraty, embaixador Flavio Goldman, exaltando a retomada da cooperação desde 2023 como um marco de esperança.
"Esta CMT vive um momento muito produtivo para os dois lados. Tudo aqui nos une, e as barreiras que existiam e que eventualmente ainda existem vão sendo superadas uma a uma, para a felicidade dos nossos povos", afirmou o governador, destacando a transformação de um período de estagnação para um de intenso diálogo e realizações. "A fronteira não é um fim em nada, a nossa fronteira é o começo de tudo", completou Clécio Luís, sublinhando a visão estratégica da região.
De diplomatas a cidadãos: uma fronteira de possibilidades
O Brasil e a França, unidos pelo rio Oiapoque, que divide o Amapá da Guiana Francesa, criaram a CMT em 1996 como um mecanismo bilateral para promover o desenvolvimento, a paz e a dignidade de suas populações fronteiriças. A 14ª edição da Comissão reúne secretários do Governo do Amapá, lideranças políticas e regionais, além de representantes da sociedade civil, para alinhar ações conjuntas em desenvolvimento socioeconômico, segurança, meio ambiente, saúde e educação.
O embaixador Flavio Goldman ressaltou a importância das visitas recíprocas dos presidentes Emmanuel Macron e Luiz Inácio Lula da Silva em 2024 e 2025, que "empreenderam um novo dinamismo à nossa parceria estratégica". Do lado francês, a mesa é copresidida por Jèrôme Audin, diretor adjunto das Américas e do Caribe no Ministério da Europa e dos Negócios Estrangeiros, e pelo prefeito da Guiana, Antoine Poussier.
Um dos pontos altos e de grande celebração para os amapaenses é o recente anúncio do presidente francês, Emmanuel Macron, no dia 5 de junho: a isenção da obrigatoriedade do visto para brasileiros entrarem no território da Guiana Francesa. "Com emoção, celebramos a decisão histórica da isenção do visto, gesto que eu gostaria de nominar como 'a ponte definitiva'", evidenciou Clécio Luís, comparando a medida à queda do Muro de Berlim.
A CMT, que havia passado por um intervalo de quatro anos sem reuniões, foi retomada em 2023 e, em 2024, o Amapá sediou a comissão, reforçando seu protagonismo. Como destacou Thibault Lechat-Vega, representante da Coletividade Territorial da Guiana (CTG): "Nossa missão é clara: fazer da fronteira uma ponte, não uma linha de divisão, promover o que temos em comum, respeitando nossas diferenças, e construir um relacionamento forte e duradouro, que sirva o nosso povo".
A 13ª reunião da CMT, realizada em Macapá em 2024, já havia debatido e encaminhado mais de 20 medidas de cooperação, incluindo a ampliação das permissões de trânsito na Ponte Binacional em Oiapoque, a criação de escolas bilíngues e a implementação de um Centro de Cooperação Policial nas fronteiras.
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