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Quinta-feira, 30 de Outubro de 2025

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Quando o herói cai: exame pericial derruba tese de legítima defesa do prefeito Furlan

Documento pericial expõe ausência de lesões, confronta a versão de Furlan e reforça suspeitas de manipulação em uma trama que já não convence.

Quando o herói cai: exame pericial derruba tese de legítima defesa do prefeito Furlan
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O laudo de exame de corpo de delito em Anne Távora, que começou a circular nas redes sociais nesta quinta-feira (21), trouxe à tona o detalhe que desmonta toda a narrativa de legítima defesa sustentada pelo prefeito de Macapá, Antônio Furlan. O documento atesta: não havia qualquer lesão.

No dia 17 de agosto, às 18h37, médicos-legistas do Departamento de Medicina Legal examinaram a servidora.

O histórico dizia que Anne relatara ter sido vítima de “uma cotovelada na mama direita” naquela manhã. Mas o veredito da perícia foi cristalino: “Pericianda não apresenta ofensa à sua integridade física.”

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E como em todo exame oficial, vieram as perguntas e as respostas secas, derrubando o enredo sustentado:

  • Há ofensa à integridade corporal ou à saúde do paciente?Não.
  • Qual o instrumento, ação ou meio que a produziu? – Prejudicado.
  • Foi produzido por veneno, fogo, explosivo, asfixia ou tortura? – Prejudicado.
  • Resultou perigo de vida para o periciando? – Prejudicado
  • Resultou incapacidade para ocupações habituais por mais de 30 dias? – Prejudicado
  • Resultou debilidade permanente ou inutilização de membro ou função? – Prejudicado
  • Resultou incapacidade permanente para o trabalho ou enfermidade incurável? – Prejudicado
  • Resultou aceleração de parto ou abortamento? –Prejudicado

O laudo, assinado pela médica legista Talita Nicacia Teles Martins, desmonta em bloco o pilar da narrativa apresentada por Furlan e seus aliados.

A trama de mocinho e vilão

Como num filme de enredo frágil, o prefeito foi pintado como herói que defendia mulheres supostamente agredidas. O delegado Raphael Paulino Lima, que já havia exaltado Furlan em redes sociais como “a escolha do povo”, chancelou essa versão em Termo Circunstanciado. Ignorou, porém, que as imagens divulgadas mostram o contrário: o jornalista Heverson Castro calmamente questiona o prefeito, enquanto Furlan aplica um mata-leão no cinegrafista Iran Fróes.

A condução do procedimento também chamou atenção: o delegado ouviu o prefeito como testemunha apenas por último, depois de já ter liberado os jornalistas acusados. A ordem adotada contraria a praxe legal, que determina que se ouçam primeiro as vítimas, depois as testemunhas e, por fim, os acusados, justamente para garantir a coerência e a imparcialidade da investigação.

A cada cena, a narrativa se desfaz: a assessora Anne muda sua versão duas vezes; um guarda municipal depõe com base no que ouviu, não no que viu; jornalistas são mantidos detidos por quase dez horas, como vilões de uma história invertida.

Linha do tempo

Contra fatos, não há roteiro

O caso, que começou como uma história de mocinho defendendo donzelas, hoje se mostra como um filme ruim em que o público já sabe quem é o vilão, mas assiste, incrédulo, às tentativas de reescrever o final. Só que em cinema ruim, ao menos há cortina para encerrar. Na vida real, fatos e provas permanecem.

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De Bubuia

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